Todos os dias, sem exceção, meu vizinho briga com o filhinho de dois anos, na hora do almoço e do jantar. O moleque não come. É um inferno.
O pai é chato a vida inteira, dá sermões imensos (como se o menino entendesse as palavras complicadas que ele fala) e berra com o garoto. Tenho a impressão que ele deve até dar um chacoalhões no menino.
Mas, não é simplesmente isso. Imagine-se todos os dias, comendo papinha. Não dão arroz com feijão, carne e verduras pra ele. Só papinha. A mãe diz que o moleque vomita, quando come grãos. Por isso, ela faz a tal gororoba.
Pra mim, isso é conversa. A única coisa que se ouve é a panela de pressão. Não se ouve nada fritando, não se sente cheiro de arroz bem temperadinho, de bife frito, de carne assada, de peixe, nada. Pelo que eu sei, ela faz a gororoba pra mãe que é doente, que mora aqui perto. Então, acho que acaba sendo mais cômodo dar a mesma coisa pro moleque comer.
E o interessante é que não se ouve os dois (pai e mãe) comerem. Não comem junto com o filho. Sei lá, o moleque já não come, ainda comer sozinho? É legal você comer junto com outras pessoas, acho até que abre o apetite, né? E tem mais: ainda dão comida na boca do menino; ele não come sozinho, pasmem.
E todos os dias, ao meio-dia e às seis da tarde, começa a tortura pro coitadinho.
Uma vez, dei a comida pra ele, pelo muro. Tem que ver o nojo dele, pra comer a tal papinha. Não é pra menos. É uma verdadeira gororoba.
O menino precisa aprender a comer, a distinguir os sabores de cada alimento. Que sabor que ele conhece? De legumes cozidos e batidos no liquidificador. E a mãe disse que, de vez em quando, bate o arroz e o feijão no liquidificador também. Blergh.
Até da Jully fico com dó, da coitadinha comer ração todo dia; de vez em quando, faço uma carninha pra ela, judiera.
Falei pra Tatys que, qualquer sábado desse, vou fazer arroz, feijão, bife frito com cebola (daqueles beeeem cheirosos), salada de alface com tomate e vou chamar o menino pra almoçar comigo. Vamos ver se ele não come.
Aí, depois do escândalo, o pai fica cantando musiquinhas e bota o nome do pivete, pra agradar. Idiota.
Desconfio que, ou não levam esse menino no médico, ou o pediatra dele é mais cretino do que o pai. ¬¬
Um comentário:
Coincidência, acabei de escrever um post sobre vizinhos. :)
Criança sofre, né? Morro de pena, é cada coisa que vejo por aí...
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