segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Papys continua internado.
Saiu da UTI, está no quarto, porém agora luta contra uma infecção na urina.
Nunca pensei que, um dia, veria meu pai desse jeito.
Ele só dorme (efeito de sedativos) e no curto período em que se mantém acordado, fica apático.
O médico diminuiu a dosagem dos sedativos, mas mesmo assim, meu pai não come. Hoje, iam colocar a sonda gástrica. :o(

E por falar em médico, no sábado saí de lá odiando ele, porque tinha sido meio grosseiro comigo. Ontem, mudei de opinião, tamanha atenção e cuidado em nos explicar tudo.
Hoje, descobri porque ele foi grosso. Minha prima foi visitar meu pai, antes que eu chegasse no hospital. E ela é daquele tipo que pensa que sabe tudo. Se o babado é com advogado, ela é toda inteirada nas leis; se o carro quebra, sabe mais que o mecânico; se o negócio é pintura, ela sabe todas as técnicas e pinta melhor que Da Vinci. E não deve ter sido diferente com o médico, no sábado.
Tou contando isso porque agorinha, ela ligou aqui pra saber do meu pai. Mas, ela também queria saber da taxa de açúcar, do coágulo, do remédio da circulação pra evitar trombose, da sonda gástrica, do sedativo que tão dando.
Caráleo, viu?
Não dá pra ligar e apenas perguntar como ele está?
Ou eu não sei fazer as perguntas certas pro médico (porque não sei nada dessas merdas aí) ou realmente, minha prima é muito chata.
Pra completar, perguntou se a aparência dele está melhor.
Respondi que não consigo ver nada de melhor na aparência dele. Ele está com aquele trequin pra ajudar a respirar, só dorme, num braço tem o medidor de pressão, no outro o soro. Como assim a aparência dele pode estar boa?

Falei que, quando vir determinados números no identificador, vou atender assim: "Isso é uma gravação. Meu pai está na mesma. Após o sinal, desligue. Não precisa deixar recado".
Carajo.

Não pensem que sou mal agradecida, porque não sou. Muitos amigos têm ligado pra saber de papys, mas não ficam fazendo 734734773983282838287347281910983 perguntas, né?
Fico mais irritada e nervosa do que já estou.

Meu coração tá apertado, um pouco por medo, um pouco por culpa, ou remorso, talvez.
Sei que não sou uma má filha, mas sei também que não sou a filha que ele sempre sonhou. Assim como ele também não foi o paizão que eu sempre quis ter.
Acredito que eu poderia ter sido mais paciente, poderia ter respondido menos, relevado mais. Poderia ter dito algumas coisas que nunca disse. E acho que ele se sente assim, também, principalmente em relação à minha irmã, que por sinal, está mal pra burro.
Como podemos ser tão estranhos um para o outro, morando na mesma casa?
E por quê perceber tudo isso só nessa hora?

Ame e mostre amor, 'antes que seja tarde'.
Não é fácil, nessa altura do campeonato. Mas, estamos tentando recuperar o tempo perdido.

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