sexta-feira, 2 de maio de 2008

[alive and kicking]

Dia chuvoso em Sampa.
Particularmente, gosto de dias assim, mas hoje, estou melancólica.
Hoje cedo, quando eu estava indo pro trabalho, tocou uma música na Kiss Fm que me fez lembrar do Alexandre. Ele costumava dizer que toda vez que ouvia essa música, se lembrava de mim, porque tinha o meu jeito. Então, logo pensei em algo que ele escreveu no meu caderno de recordação (bons tempos) :
"escrevo no seu caderno para que, um dia, quando reler estas páginas, lembre-se também de mim, das minhas coisas, porque o tempo é implacável, não perdoa ninguém..."
Engraçado ele pensar que eu precisaria do caderno, pra me lembrar dele. Mas, entendi o que ele quis dizer. Ele disse que se nos afastássemos, se perdessemos o contato, as boas lembranças do que vivemos, essas sim, deveriam permanecer. Parece que ele sabia.
Quis o tempo, nosso gênio ruim e quis, mais ainda, a vida que nos afastássemos brigados. Eu, muito brava. Ele, muito chateado.
Às vezes, quando penso nele, tenho a nítida impressão de que éramos pra ter sido, muito mais do que fomos.
Era ele quem me dava margaridas roubadas e as colocava no meu cabelo; era ele que, depois de uma briga por telefone, aparecia em casa, dizendo que não conseguia entender porque éramos tão ruins um com o outro; era ele que assistia o VHS do Tears for Fears 9839473383 vezes, deitado do meu lado, no chão da sala; era ele quem mandava cartõezinhos do Ziggy dizendo que sentia minha falta; era ele que me levava do céu ao inferno, em questão de segundos. Foi ele que me ligou numa noite, dizendo que tinha terminado de ler um livro e que eu precisava ler também; coincidência ou não, eu estava lendo o mesmo livro e pensando que ele teria que lê-lo. Foi ele que me mostrou que não se deve ter vergonha e nem medo de dizer o que pensa; foi ele que me fez abominar qualquer tipo de traição e mentira; foi ele que me fez experimentar o quanto a sinceridade pode ser boa e dolorida, ao mesmo tempo. Mas, se não fosse por ele, eu teria perdido o show do Marillion em 1990. ^^
O Alê foi meu irmão, meu amigo, meu namorado.

A música foi uma desculpa pra registrar aqui um milésimo do que o Ratinho foi pra mim.
Espero que ele receba o recado, esteja onde estiver.
Pena que ele teve muita pressa de ir embora.

Nessa vida não deu, Alê. Quem sabe, na outra.

Continua chovendo em Sampa.
Mais aqui dentro, do que lá fora.




[/alive and kicking]

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